quarta-feira, 17 de abril de 2013

Governo prevê salário mínimo de R$ 719,48 em 2014
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O salário mínimo poderá chegar a R$ 719,48 em 2014, aumento de 6,11%, conforme o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) encaminhado ontem pelo Ministério do Planejamento ao Congresso Nacional. O crescimento é menor do que o registrado este ano, de 9%, para R$ 678, segundo informou Célia Correa, secretária de Orçamento da pasta. O valor ainda poderá ser alterado pelos parlamentares.

As projeções macroeconômicas do texto orçamentário elaborado pelo Executivo vão na contramão das expectativas do mercado, de especialistas ouvidos pelo Correio e do próprio Banco Central. O governo espera que o PIB cresça 3,5% em 2013 e 4,5% no próximo ano, enquanto os analistas preveem 3% e 3,5% respectivamente. Já o BC aponta evolução da economia de 3,1% este ano.

Responsável por transmitir as expectativas econômicas do Planalto, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, disse ser normal que analistas tenham opiniões diferentes. "Respeitamos isso, mas é evidente que a economia brasileira vem retomando o crescimento", afirmou.

As estimativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também destoaram. Na proposta orçamentária, o governo projeta inflação de 5,2% neste ano e de 4,5% no próximo ano. O Banco Central prevê que a carestia ficará em 5,7% em 2013 e em 5,3% no ano que vem, enquanto o mercado projeta 5,68% e 5,7%, respectivamente.

Manobra
Já a taxa básica de juros deve permanecer em 7,25% até 2016, conforme a proposta orçamentária. Entretanto, o mercado prevê 8,5% em 2013 e no próximo ano. A meta de superavit primário foi elevada de R$ 155 bilhões, neste ano, para R$167,4 bilhões em 2014. A novidade, entretanto, é que o governo propõe abatimento de R$ 67 bilhões dessa economia referentes a gastos relativos ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e à desonerações de tributos. Além disso, não terá obrigação legal de compensar resultados menores de estados e municípios . Augustin argumentou que essa medida é importante pois incentiva os investimentos.

O economista e especialista em finanças públicas Mansueto Almeida foi taxativo ao afirmar que o cenário projetado pelo governo é "fictício". Segundo ele, "o IPCA de 2014 será contaminado pela eleição. "O governo conseguirá investir mais, contudo, os desembolsos de curto prazo são inflacionários", afirmou.

Para Eduardo Velho, economista-chefe da INVX Global Partners, os números apresentados pelo governo são improváveis. "Tudo vai depender da política anti-inflacionária e da retomada dos investimentos, algo difícil de imaginar, porque, até o momento, as desonerações de tributos não têm dado o resultado esperado no sentido de impulsionar a atividade", assinalou.

Os cálculos não fecham, porque são contraditórios, explicou Velho. "Os parâmetros estão fora da realidade", enfatizou. 

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