segunda-feira, 8 de dezembro de 2014


Pirataria pela internet já movimenta R$ 800 milhões no país
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A internet criou novos caminhos para a pirataria. A negociação de produtos piratas pela internet aumentou em 30% no país neste ano, com giro anual estimado em R$ 800 milhões — incluindo as cifras de compras e vendas —, conforme o Fórum Nacional Contra a Pirataria e Ilegalidade (FNCP), que lança nesta quarta-feira, Dia Nacional de Combate à Pirataria, o Portal Click Original. O site reunirá informações sobre a prática de pirataria on-line, a fim de antecipar comportamentos criminosos e identificar setores de mercados mais vulneráveis e rotas recorrentes.

Além disso, a exemplo do Impostômetro, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), será criado o Piratômetro Digital, com uma métrica do montante pirateado a cada ano. O Piratômetro Digital começará com 508.428 registros. Os segmentos recorrentes são higiene pessoal (140.491 casos), que inclui perfumaria; licenciamento (101.573), ou uso indevido de marcas; e produtos de moda e acessórios (85.984).

MIGRAÇÃO PARA A INTERNET

No mundo, a pirataria movimenta US$ 522 bilhões, de acordo com a Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal). No Brasil, um em cada cinco medicamentos vendidos é falso ou contrabandeado, o dobro da média mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O Portal Click Original estreia com dados nacionais dos últimos oito meses. Assim, apresentará uma fotografia da atividade, na forma de valor total comercializado, sites campeões em denúncias, produtos mais vendidos, número de vendedores e carga estimada.

— De 2011 para cá, o FNCP e os próprios associados do fórum começaram a observar uma migração para a internet. E hoje não se sabe dizer a dimensão exata disso. Estamos trabalhando em escala e analisaremos os dados compilados. Há um trabalho de tecnologia e de inteligência — explicou Maurício Garcia, gestor do Portal Click Original.


O avanço da pirataria se deve, principalmente, a variáveis como o acesso à internet, a carga de impostos, o poder de consumo e a disponibilidade de crédito. Há cerca de três anos, grandes sites de vendas, principalmente chineses, descobriram uma valiosa jazida no Brasil. Aqui, encontraram demanda por itens falsos.

MAIS AÇÃO DO GOVERNO

Qualquer pessoa pode denunciar, de forma anônima, ofertas, sites, redes sociais e iniciativas on-line que vendam produtos falsificados. Na primeira fase do Portal Click Original, empresas poderão criar cadastros, obter números detalhados sobre a falsificação de suas marcas e pedir remoções de páginas na internet nas quais a atividade se desenvolve. Cada empresa só terá acesso aos seus números, para evitar análise da concorrência.

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Os gestores do Click Original preveem que, futuramente, o governo terá um papel mais ativo na iniciativa, que, com a contribuição das empresas, poderá fornecer insumos para melhorar a fiscalização e o desbaratamento de quadrilhas.

Até agora, o que se sabe sobre as estatísticas da pirataria on-line é fruto de pesquisas encomendas por empresas. Como a internet é um território anônimo por natureza e difícil de rastrear, um monitoramento mais amplo permite resultados mais fiéis e identifica fugas de criminosos de uma região do Brasil para outra ou de um site para outro.

As estimativas da FNCP acerca da pirataria on-line levaram em consideração uma estimativa de que a pirataria física e virtual movimenta R$ 42,7 bilhões por ano. Neste panorama, as vendas virtuais representam 1,9% do total. 

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